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13 de junho de 2011

Antas Pintoras

A ideia de “animais artistas” como embaixadores para a conservação na natureza nasceu em zoológicos norte-americanos como parte de programas de enriquecimento ambiental. As espécies inicialmente utilizadas em tais programas foram primatas, sobretudo orangotangos, e também elefantes.

Quem são as antas pintoras?
As antas autoras das telas são animais que vivem em seis diferentes zoológicos norte-americanos: Brevard Zoo, Brookfield Zoo, Houston Zoo, John Ball Zoo, San Diego Zoo e Woodland Park Zoo.

De onde surgiu a ideia?

O Zoológico de Houston, no Texas, Estados Unidos, um dos principais apoiadores do evento brasileiro, vem trabalhando com orangotangos artistas desde 2005. O zoológico organiza a coleta anual de obras de arte destes animais em cativeiro em zoológicos americanos e realiza leilões para levantar fundos para iniciativas de pesquisa e conservação de orangotangos na natureza por meio do programa Pongos Helping Pongos. A iniciativa vem se mostrando um modelo de sucesso, podendo ser replicado para outras espécies.

Foi justamente o sucesso da ideia dos Estados Unidos que impulsionou a criação de iniciativa similar no Brasil. Alguns anos atrás, a pesquisadora Patrícia Medici demonstrou interesse em organizar o evento com a Anta Brasileira e o Zoológico de Houston aceitou ajudá-la nesta empreitada. Outros zoológicos americanos dispostos a colaborar foram identificados.

Como são feitas as pinturas?
As antas pintoras são orientadas por tratadores dos zoológicos que disponibilizam e direcionam as telas e as tintas para os animais. As tintas são orgânicas e atóxicas, por isso não prejudicam a saúde das antas de cativeiro.

Para onde vai o dinheiro arrecadado?
O dinheiro arrecadado com o leilão das obras, fotos de fotógrafos de natureza e outras manifestações artísticas doadas para o Evento Antas Pintoras será revertido para as atividades de pesquisa da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira do IPÊ. A Iniciativa, coordenada pela pesquisadora Patrícia Medici, é um esforço conservacionista em nível nacional que visa estabelecer programas de pesquisa e conservação da anta nos principais biomas brasileiros onde ela ocorre. A Iniciativa teve seu início através do Programa Anta Mata Atlântica conduzido no Parque Estadual Morro do Diabo na região do Pontal do Paranapanema, oeste do Estado de São Paulo, entre 1996 e 2008. Em 2008 houve uma expansão das pesquisas com o estabelecimento do Programa Anta Pantanal. No futuro próximo, a Iniciativa será estabelecida nos biomas Cerrado e Amazônia.  Através destes projetos de pesquisa são coletados dados de ecologia, demografia, genética e epidemiologia das populações de Anta Brasileira em cada um destes biomas, e Planos de Ação Regionais para a conservação da espécie são desenvolvidos e implementados subsequentemente.

Qual é a importância da anta para a biodiversidade?
A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul e tem papel fundamental na formação e manutenção da estrutura e biodiversidade das florestas por elas habitadas. A ausência de antas em determinados habitats pode levar ao rompimento de processos ecológicos de suma importância, dentre eles a predação e dispersão de sementes e a ciclagem de nutrientes, que contribuem para a manutenção da biodiversidade e funcionalidade das comunidades vegetais. Por esta razão, a anta é conhecida como a “Jardineira da Floresta”.  A destruição e fragmentação de florestas, que resultam na perda e isolamento de hábitat, bem como a caça ilegal, atropelamentos e disseminação de doenças infecciosas ameaçam a sobreviência da anta por toda a sua distribuição geográfica.

Atualmente, é enorme a carência de informações a respeito da ecologia e estado de conservação da Anta Brasileira na natureza, o que justifica a realização de estudos sobre a espécie nos biomas onde ela ocorre incluindo a Mata Atlântica, Pantanal, Amazônia e Cerrado. Estudos de longo prazo produzem grande quantidade de dados e informações, formando a base científica sólida necessária para o desenvolvimento de estratégias de conservação efetivas para a espécie e seus habitats remanescentes.

Qual é o status da anta brasileira em vida livre?

A Anta Brasileira ocorre por praticamente toda a América do Sul em 11 países (Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Ecuador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela). A Lista Vermelha da IUCN - International Union for Conservation of Nature (União Internacional para a Conservação da Natureza) lista a Anta Brasileira (Tapirus terrestris) como Vulnerável à Extinção em âmbito global. No Brasil, o ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - realizou recentemente uma avaliação do estado de conservação da Anta Brasileira em todos os biomas onde a espécie ocorre e os resultados deste trabalho demonstraram que a espécie está “Quase Ameaçada” nos biomas Amazônia e Pantanal, “Ameaçada” nos biomas Cerrado e Mata Atlântica, e “Localmente Extinta” no bioma Caatinga.

As principais ameaças para a sobrevivência da espécie em nosso país são caça não sustentável, sobretudo no bioma Amazônia; desmatamento e fragmentação, sobretudo nos biomas Cerrado e Mata Atlântica; atropelamentos em rodovias em todo o país; no Pantanal, a transformação do sistema tradicional pantaneiro de pecuária extensiva em formas mais intensas de produção, envolvendo substituição de pastagens nativas por pastagens exóticas e impacto de maiores quantidades de gado nas florestas causa sérios impactos nas populações de anta.

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