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25 de junho de 2013

Fórum Mundial de Meio Ambiente defende conscientização ambiental

Jean-Michel Cousteau / Divulgação
Ativistas ambientais, autoridades, pesquisadores, representantes de ONGs e empresários participaram do Fórum Mundial de Meio Ambiente, realizado pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais em 21 e 22 de junho, em Foz do Iguaçu.

Sob o tema “2013: Ano Internacional da Cooperação pela Água”, o evento foi palco de debates intensos e um claro convite à sociedade para repensar os atuais hábitos de consumo em busca da preservação do meio ambiente, além de quatro painéis e seis workshops.

Na abertura do Fórum, Roberto Klabin, presidente do LIDE Sustentabilidade, e Pedro Passos, presidente do SOS Mata Atlântica, entregaram um manifesto pró Parque do Iguaçu para Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente, e para Beto Richa, governador do Paraná. A ministra se colocou totalmente contra a reabertura da Estrada do Colono, que corta o Parque Nacional do Iguaçu. “Não preciso reabrir a estrada para promover o desenvolvimento sustentável do Paraná”, afirmou.

Em seguida, João Doria Jr., presidente do LIDE, convidou Luiz Eduardo Cheida, secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado do Paraná, Vicente Andreu, presidente da Ana – Agência Nacional de Águas, o governador Beto Richa e a ministra Izabella Teixeira a assinarem o Pacto Nacional pela Gestão das Águas, que tem como objetivo promover a articulação entre União e estados pelo uso sustentável dos recursos hídricos do País.

Para o governador do Paraná, Beto Richa, “a escolha da cidade-sede, Foz do Iguaçu, famosa por suas espetaculares cataratas, foi a mais acertada para discutir a cooperação em torno da conservação de água”. Richa também apresentou projetos de preservação do meio ambiente por meio de uma "agenda verde", entre eles o investimento de R$ 53 milhões em um sistema de prevenção de desastres naturais que possibilitará uma previsão de três dias de adiantamento.

No painel “A crise global da água”, o presidente do Conselho Nacional da Água, Benedito Braga, falou sobre a necessidade de se garantir a segurança hídrica no País, nas esferas humana, socieconômica e ecológica, dando acesso a uma água de qualidade e em quantidades imprescindíveis para os seres humanos. “Prover segurança hídrica à população é obrigação do Estado. As soluções técnicas nós temos, mas a questão é política, necessita de recursos financeiros”, ressaltou Braga. 

Para Robert F. Kennedy, ativista e advogado especializado em direito ambiental, que participou do painel “Gestão da água no Brasil e no mundo”, a privatização é a pior questão que enfrentamos atualmente. “A água deveria ser um direito para todos os seres humanos, mesmo para quem não tem condições de pagá-la”, afirmou. “Devemos encorajar o uso mais racional da água, mas não podemos restringir o uso pela população mais pobre por meio de taxações”.

Jean-Michel Cousteau, oceanógrafo, ambientalista, ecologista, educador, fundador e presidente da Ocean Futures Society, chamou a atenção dos presentes sobre o fato de que há apenas um sistema de água no mundo e todos dependem dele. “O momento é crítico. Precisamos encontrar soluções para proteger os seres vivos do planeta”, afirmou durante o painel “Serviços Ambientais dos Oceanos”. Costeau vê boas oportunidades de negócios ao se gerenciar o planeta da mesma forma como gerenciamos empresas. O Brasil, segundo ele, tem a chance de ser o grande exemplo, o líder a convencer outras nações a proteger o meio ambiente. 

A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu as recentes manifestações populares e afirmou que “está surgindo um novo sujeito político, fruto de uma atualização da comunicação, do uso das tecnologias”. Para ela, a internet está contribuindo para revolucionar a cultura, os negócios, a informação e não seria possível creditar que a política continuaria a ser feita da mesma forma. “Tentaram desqualificar os movimentos virtuais dizendo que eles ficariam restritos à internet, mas era só uma questão de tempo para ele transbordar para o presencial, como ocorreu recentemente”. 

Na palestra “Os desafios do desenvolvimento sustentável e não sustentado”, Marina Silva disse que o Brasil reúne as melhores possibilidades para enfrentar essa crise e fazer a quebra de paradigmas, uma vez que é um País industrializado, com uma base de conhecimento tecnológico, detentor de 22% das espécies vivas do planeta, 11% da água doce do mundo e 45% de matriz energética limpa. Pode, portanto, fazer essa transformação de uma maneira produtiva, criativa e livre e pensar novos projetos identificatórios.

Quando questionada sobre a ausência de reivindicações relacionadas ao meio ambiente durante as manifestações, Marina respondeu que a ideia da defesa do meio ambiente já é um conceito intrínseco a esses grupos, por isso eles não vão incluir essa questão de uma forma explícita as ruas. “Aqueles que foram contra Belo Monte e contra o Código Florestal certamente estão nessas manifestações”, diz. 

A Carta de Foz do Iguaçu, produzida pelos participantes e lida no encerramento do evento, reuniu as conclusões gerais do Fórum, destacou a necessidade de uma mudança radical nos padrões de consumo e produção, levando em conta a situação alarmante dos ecossistemas e dos recursos hídricos. Outro ponto proposto foi a formulação e implementação de políticas públicas inovadoras por parte do governo federal e dos entes regionais que garantam a proteção, distribuição eficaz e o acesso à água e saneamento para todo o país em curto prazo. Além da carta de intenções e das proposições gerais, foi gerado um documento com recomendações complementares, com uma plataforma de ações imediatas, com dez itens, entre eles a não criação de uma estrada cruzando o Parque Nacional do Iguaçu, aprovação do projeto de lei de Pagamento por Serviços Ambientais antes da Copa do Mundo de 2014 e criação de incentivos tributários para os serviços de saneamento.

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