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21 de março de 2014

Levantamento da SOS Mata Atlântica indica a necessidade de cuidado mais efetivo com nossos rios

Por Cláudia Rocco.

Levantamento de água SOS Mata Atlântica


Um levantamento com a medição da qualidade da água em 96 rios, córregos e lagos de sete Estados brasileiros (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais), coordenado pela Fundação SOS Mata Atlântica, revela uma situação alarmante: 40% destas águas apresentam qualidade ruim ou péssima.

Os dados, divulgados na semana em que se celebra o Dia da Água (22 de março), foram coletados entre março de 2013 e fevereiro de 2014 e incluem um levantamento inédito, que envolveu 32 Subprefeituras da cidade de São Paulo, além de 15 pontos do Rio de Janeiro.

De um total de 177 pontos analisados, 87 tiveram sua qualidade da água considerada regular, 62 foram classificados como ruins e 9 apresentaram situação péssima. Apenas 19 dos rios e mananciais – todos localizados em áreas protegidas e que contam com matas ciliares preservadas – mostraram boa qualidade. E nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo.

Em porcentagem:

ÓTIMA
0
0%
BOA
19
10,73%
REGULAR
87
49,15%
RUIM
62
35,02%
PÉSSIMA
9
5,08%
TOTAL
177
100%









 Os melhores resultados foram obtidos em áreas protegidas, como alguns pontos da Bacia do Alto Tietê na Área de Proteção Ambiental (APA) Capivari-Monos e no Parque Várzeas do Tietê. Em Minas, foi encontrada água com qualidade boa em Extrema, na APA Fernão Dias. E no Espírito Santo, também foi observada água com qualidade boa no município de Santa Teresa, conhecido como Santuário Capixaba da Mata Atlântica, que possui ricos ambientes biológicos como as Reservas de Santa Lúcia e Augusto Ruschi.

Já as principais fontes de poluição e contaminação são decorrentes da falta de tratamento de esgotos domésticos, de produtos químicos lançados nas redes públicas e da poluição difusa proveniente do lixo e resíduos sólidos descartados de forma inadequada nas cidades, além do desmatamento e do uso de defensivos e fertilizantes nas zonas rurais.

O pior desempenho de pontos próximos a grandes adensamentos urbanos fica evidente em um recorte que reúne as 34 coletas feitas pela equipe da SOS Mata Atlântica nas 32 Subprefeituras da cidade de São Paulo. O levantamento inédito, realizado durante o mês de fevereiro de 2014, apresentou os seguintes resultados:

ÓTIMA
0
0%
BOA
0
0%
REGULAR
6
17,65%
RUIM
20
58,82%
PÉSSIMA
8
23,53%
TOTAL
34
100,00%









Já os 15 pontos de coleta analisados na cidade do Rio de Janeiro durante todo o mês de fevereiro de 2014, em locais menos impactados pela urbanização, obtiveram um desempenho mediano, sem nenhum resultado péssimo, bom ou ótimo:

ÓTIMA
0
0%
BOA
0
0%
REGULAR
9
40,00%
RUIM
6
60,00%
PÉSSIMA
0
0%
TOTAL
15
100%


 Outro dado relevante no levantamento feito pela SOS Mata Atlântica é uma comparação de 88 pontos de 34 cidades nos Estados de SP e MG que haviam sido monitorados em 2010, na qual foi possível perceber que a quantidade de corpos hídricos em péssimo estado caiu de 15 para 7, enquanto o número de rios em situação ruim subiu de 18 para 29 e os rios em boas condições subiram de 5 para 15.

ÍNDICES
2010
%
2014
%
ÓTIMA
0
0
0
0
BOA
5
4,44
15
13,2
REGULAR
50
44
37
32,6
RUIM
18
15,84
29
16,7
PÉSSIMA
15
13,2
7
6,16
TOTAL
88
100%
88
100%










 Segundo os técnicos, um dos destaques positivos foi a cidade de Salto, no interior paulista, onde o ponto de captação saiu do regular (quase ruim) para bom, após ter sido realizado um programa de três anos de restauração florestal. Já o Rio Tamanduateí, que em 2010 esboçava uma recuperação após uma série de medidas de tratamento de esgoto, manteve qualidade péssima após uma nova onda de ocupações irregulares.

Portanto, a conclusão é um tanto quanto paradoxal, pois apesar de triste e preocupante, a situação é otimista, já que os resultados apresentados em 2014 indicam uma melhora significativa em relação ao mesmo estudo realizado em 2010, quando 15% das águas eram consideradas péssimas (hoje são “apenas” 7%). O aumento das águas ruins de 18 para 29%, só foi possível, pois o péssimo diminui. As regulares, por sua vez, diminuíram de 50 para 37% e 15% das águas foram consideradas boas, contra 5% em 2010.

Sim, a situação é complexa e confusa e ainda temos um longo, muito longo caminho a percorrer para chegar em um cenário perto do aceitável. Mas, são estudos como esse e participação social (veja mais em nosso site) que podem nos levar a isso!

O relatório completo com especificações de todos os pontos analisados e classificações de cada ponto em 2010 e 2014, além de gráficos comparativos, podem ser acessados em http://bit.ly/rios2014.

Vamos comemorar o Dia da Água, celebrado amanhã (22/3) com mais carinho e respeito?

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